O julgamento de Belluzzo está incluído na pauta de 3ª Feira. 2ª Comissão Disciplinar, formada por 5 julgadores (auditores), sendo 4 cariocas, dentre eles o relator, “Dr”. Otacílio Araújo.
A utilização do termo “doutor”, aliás, está banalizada. Doutor, segundo me ensinou meu avô Tota, é tratamento dispensado a advogados, médicos, ou pessoas com pelo menos R$ 1.000.000,00 na conta bancária.
O ilustre auditor Otacílio Araújo não é advogado, nem muito menos médico. Resta saber se tem ou não mais de um milhão no bolso. Se tiver, estranharei. Otacílio, que não é o mestre Chapinha, é funcionário do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Assessor de desembargadores do órgão especial, dentre eles (não é surpresa nenhuma) Luiz Zveiter, o presidente de honra do STJD. Será que existe alguma ligação com o ingresso de Otacílio no STJD, interrogação. Coitado do Wilson.
Belluzzo será também julgado por desrespeito ao STJD. Questionou a qualificação de um nobre julgador, Rodrigo Fux, grande advogado (tem menos de 1 ano de militância), e que por mera coincidência é filho de ministro do Superior Tribunal de Justiça. Rodrigo é amigo de Flávio Zveiter, filho de desembargador, outro ilustre integrante do STJD. Cada vez que pesquiso acho mais um com idênticas características.
Belluzzo, enfim, desrespeitou a honestidade e a transparência do democrático STJD, que é dominado por grandes (filhos ou amigos de) juristas cariocas. Viva Sarkozy, exclamation. Para azar do professor, ele será julgado justamente por cariocas. A pena máxima é de 6 anos.
Alguém espera coerência do STJD, interrogação. Então lá vai. Marcos Braz (não o conheço) é vice-presidentre financeiro do Flamengo, ou seja, algo semelhante ao antigo síndico de massa falida. Após o jogo contra o Santos, Braz ofendeu o árbitro:
“Esse Nielson teve arbitragem de canalha. Não se pode fazer o que se fez e sair daqui tranquilamente.”
Compare com serenidade. Existe muita diferença entre “canalha” e “vigarista”, interrogação. Ou “não … sair daqui tranquilamente” e “se encontrá-lo dou uns tapas nele”, interrogação novamente. Condutas semelhantes.
Braz, carioca e flamenguista, foi absolvido pelo STJD. Em uma situação normal, diria que esse precedente geraria esperanças de absolvição de Belluzo na próxima 3ª feira. Pena mínima, talvez. Mas tenho sérias – para não dizer efetivas, concretas – dúvidas se existe segurança jurídica em decisões originárias do STJD. Palpite: até 2014 professor. A partir de quarta-feira, Palaia presidente.
Quando eu estava terminando esse post, ouvi uma nova de Galvão Bueno, sempre ele. Decidiu comprar a briga de seu bem amigo Simon. Numa ocasião absolutamente estranha à sua narração, acaba de dizer na transmissão do jogo do Brasil que aguarda o julgamento do presidente “que disse tudo aquilo que quis falar”, fazendo nítida pressão nos seus amigos cariocas. Não lembro de ter ouvido nada a respeito do diretor do Flamengo. Será que é porque Galvão é amigo de Simon? Pretenso amigo dos filhos de ministros ou desembargadores? Ou será porque Belluzzo também reclamou publicamente da antecipação do jogo entre Grêmio e Palmeiras por interesse da Rede Globo?